A ideia é corrigir a falta de profissionais no interior do país, nas periferias e nos programas de assistência básica. Para o governo, a carência precisa ser solucionada o quanto antes. E medidas estão sendo analisadas.
O Governo Federal está estudando uma série de medidas para corrigir essas distorções. Uma delas é facilitar a validação do diploma de médicos estrangeiros, para que eles assumam as vagas.
Entidades médicas já disseram que vão entregar aos ministérios da Saúde e da Educação um manifesto contra essa medida. Já os pacientes que percorrem longas distâncias para conseguir atendimento esperam que a medida comece logo e que faça efeito.
Na porta do hospital, Maria das Graças Oliveira Bernardo esperava havia 12 horas pela consulta. A aposentada depende do SUS e reclama: “todos os lugares em que você vai, falta médico. Não tem médico. Não tem médico ginecologista, médico clínico, não tem médico disso, não tem médico daquilo”.
O Brasil tem hoje mais de 370 mil médicos registrados nos conselhos de medicina, o que representa uma média de dois profissionais para cada grupo de mil habitantes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. É menos do que na Argentina, no Uruguai e em Cuba, por exemplo. Para o governo, a carência de profissionais precisa ser solucionada o quanto antes. Por isso, algumas medidas estão sendo analisadas.
O Governo Federal quer estimular a formação de novos médicos e pretende incentivar a criação de mais vagas em universidades que tenham cursos de Medicina bem avaliados pelo MEC. Por outro lado, se discute o afrouxamento das exigências para um médico formado no exterior trabalhar no Brasil.
Entre as medidas em estudo pelo governo, está a possibilidade de oferecer um estágio de até dois anos para os médicos vindos de fora. O curso seria pago pelo poder público, e o profissional trabalharia na rede do SUS e no Programa de Saúde da Família. Ao fim do estágio, o médico teria o diploma automaticamente validado no Brasil.
“Acho que não deveriam entrar. Um país que já está com fama de quinta economia mundial ter que importar serviço de saúde é brincadeira”, critica o joalheiro José Mendes. “Desde que atuassem com amor. Muitos trabalham sem amor, não têm um pingo de atenção com uma pessoa ali jogada”, afirma a aposentada Elza Méier.
Hoje, um profissional vindo de fora precisa revalidar o diploma fazendo um teste em universidades brasileiras ou passando pela prova do ‘revalida’, do Ministério da Educação. Mas o índice de reprovação é alto. No ano passado, dos 677 candidatos inscritos no ‘revalida’, só 65 passaram.
A nefrologista Zaida Cabrera veio da Bolívia e para conseguir trabalhar no Brasil foi até o estado do Mato Grosso, duas vezes, fazer a prova de revalidação do diploma de médica. Ela diz que foi difícil, mas justo: “eu acho justo e até para a própria população, para a saúde do indivíduo, a saúde de varias comunidades que vão ter no poder do médico como tal”.
Entidades que representam a classe médica no Brasil argumentam que no país há profissionais em número suficiente e são contra facilitar a entrada de médicos formados em outros países.
“São pessoas que não têm uma formação adequada para exercer a medicina em nosso país. Nós temos a certeza de que o problema é outro, que é a falta de políticas públicas para fixar os médicos nesses municípios mais distantes onde existe a carência de profissionais. Sem política pública, ou seja, sem laboratórios, exames complementares, radiológicos e as possibilidades de realização de procedimentos, não há como fixar um médico nessas regiões”, declara o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão.
Números do Conselho Federal de Medicina comprovam a diferença na quantidade de médicos pelo país. No Sudeste, a média é de três médicos para cada grupo de mil habitantes. No Norte e Nordeste, tem apenas um médico para a mesma quantidade de habitantes.
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